Pontapé na Blogoesfera

Um blog como "a bola": sem medo de revelar a sua preferência clubística

quinta-feira, maio 15, 2014

E outra vez sobre a final da Liga Europa

Sim, eu ontem fui propositadamente ao supermercado comprar gaspacho andaluz, lulas à sevilhana e tortilha para o meu jantar. Alguns dirão que foi uma refeição nutricionalmente desequilibrada. Muitos dirão que torcer pelo Sevilha e regozijar-me com a sua vitória (na verdade, com a derrota do Benfica) é falta de amor à pátria e que um português decente torce pelos seus. Nem vou contabilizar os lusitanos de um e de outro lado. Repito o discurso de um outro post com mais ou menos um ano: cada clube está em representação própria, a Selecção Nacional é que representa o país (e, por falar nisso, haveria tanto a dizer sobre a pré-convocatória!...). A Final da Champions desta época mostra-o bem: qual deles, Real ou Atlético, estará em nome da Espanha? Nenhum deles, obviamente. Aliás, tanto é assim, que nas conversas de café sobre a qualidade e o prestígio dos vários clubes se vão buscar os palmarés europeus de cada um deles: então não eram conquistas do futebol nacional?! Por outro lado, muitos dos que se indignam agora com a satisfação dos não benfiquistas apoiaram as equipas adversárias do Porto nas competições europeias. Aliás, muito gozaram a derrota do Porto face ao mesmo Sevilha que ontem levou a Taça. E ridicularizaram o Paulo Fonseca nas suas confusões geográfico-clubísticas, um treinador português a falar lá fora! E, na época passada, não cessaram de azucrinar sportinguistas por nem sequer irem à Liga Europa, quando o Sporting estaria, previsivelmente, em muito melhores condições de "defender o futebol português" que Estoril ou Paços de Ferreira. Onde fica o patriotismo, então?!
O futebol faz-se de passes, de fintas, de dribles, de mudanças de velocidade, de remates. Certos jogos (infelizmente, não muitos do campeonato português) quase nos fazem pensar se não é uma arte. Mas, contrariamente ao ballet, há a vitória e a derrota. O futebol faz-se disso, também; e não é uma parte menor. Muita da emoção que ele gera acontece fora do relvado: são os debates acesos sobre qual é o melhor clube, quem tem o melhor plantel, quem joga melhor... E as derrotas dos nossos rivais quase sabem a vitórias nossas. Até porque é um jogo de soma zero, onde, por definição, para uns ganharem, outros têm de perder. Pode não ser politicamente correcto dizê-lo. Mas é quase sempre hipócrita negá-lo. Por isso, sim, quis que o Benfica perdesse. E que o Porto continuasse a ser o único vencedor da Liga Europa em Portugal. Fiz piadas com a "desgraça" alheia, pois fiz. Comi uma refeição desequilibrada evocativa de Sevilha (cidade onde fui, por sinal, muito feliz), pois comi. E não sou menos portuguesa, menos patriota, por isso. Até porque na Liga europeia que mais conta e que não é a do futebol apoio diariamente o meu país, dando o meu melhor.

1 Comments:

  • At 4:59 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Sou adepto do Benfica e não vejo mal nenhum nisso, pelo menos não é hipócrita. Faço o mesmo em relação ao Porto, não desejo sucesso nenhum a esse ou a qualquer outro rival. Tal como gozo com os meus amigos quando o Porto perde, seja em competições nacionais ou internacionais, admito que eles façam o mesmo quando o Benfica perde. As noções de competição e rivalidade implicam que assim seja, acho perfeitamente natural. Espero que, daqui a um ano, escreva novamente um texto a dizer que 2015 foi uma repetição da época desastrosa de 2014 e que, por isso, dê os parabéns ao Benfica por ter conquistado o seu 34º campeonato nacional. Caso o resultado seja o inverso, farei o mesmo.

     

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