Pontapé na Blogoesfera

Um blog como "a bola": sem medo de revelar a sua preferência clubística

segunda-feira, maio 20, 2013

História de um campeonato

Eu sou portista. E tenho menos de 40 anos. Significa isso que, ao longo da minha vida, fui habituada pelo meu clube a fazer uma festa por ano. E 2013 não foi um excepção.
Confesso que houve alturas em que achei que as contas estavam complicadas. O Benfica de Jorge Jesus tipicamente fazia boas primeiras voltas (apesar de não vencer o primeiro jogo), mas desgraçava-se nas segundas. Este ano foi diferente. À eliminatória da Champions - que não atribuo ao azar, mas à falta de eficácia na primeira mão e de atitude em Málaga - sucedeu-se um empate com um Sporting que nos deixou em desvantagem pontual face ao outro candidato ao título. Note-se que até então, Porto e Benfica haviam alternado nos dois lugares cimeiros, distinguidos por golos, porque até no confronto directo havia um empate. A ida à Madeira foi madrasta, com o ditado de não haver duas sem três a cumprir-se e o Jackson a falhar um penalty que nos custou dois pontos. Uma repetição do sucedido com o Olhanense, numa jornada em que o Benfica não se pôde adiantar porque também não venceu.
Mas até ao lavar dos cestos é vindima, ia eu dizendo... Disse-o mesmo após a vitória encarnada face ao Marítimo. O estádio dos Barreiros costuma ser uma deslocação complicada e eu fui feliz nas duas vezes em que lá estive. Contudo, o Benfica regressou de lá com os três pontos. E convencido de que já era campeão.  Só que ainda não era. E não foi. Os cestos ainda não estavam lavados e o Estoril veio à luz empatar, deixando o Porto novamente dependente de si mesmo. E o Porto não vacilou. Vítor Pereira jogou sem medo de ganhar e venceu um Benfica apostado no empate, que andou a empatar a maior parte do desafio. Ironia do destino, justiça poética e o golo surgiu em tempo de descontos.
E assim chegámos à última jornada, com a equipa portista em primeiro lugar, posição que ocupou durante uma boa parte do campeonato. Vencemos o Paços de Ferreira e fomos campeões. Somos campeões!

quinta-feira, maio 16, 2013

Sobre a final da Liga Europa

Dois posts abaixo encontrarão a Análise SWOT do benfiquista típico. Devo reconhecê-la incompleta: na lista de ameaças, faltam o azar (ou falta de sorte) e até o fantasma do Béla Guttman.
Dizem os benfiquistas que tiveram azar, porque dominaram o jogo, criaram mais oportunidades e não venceram. Bom, eu começaria por lhes lembrar que tinham um grande saldo de sorte, porque sem esta os inúmeros remates adversários ao poste e à trave durante as eliminatórias teriam entrado e nem à final chegariam. Aliás, ainda ontem houve mais um, do Lampard!
Também diria que a falta de golos não foi matéria de fortuna. Vi um Benfica muito presente na área do Chelsea, mas cheio de cerimónia na hora de rematar. A sensação que dava era a de que ninguém queria marcar o golo, tal era a rapidez com que se desfaziam da bola e a despachavam para o colega mais próximo. E o futebol é assim. No ano passado, o Porto fez um grande jogo na Super Taça Europeia, contra o Barcelona, e perdeu. Também perdeu contra o Manchester City, num jogo em que acabou por sofrer 4 golos, depois de tantas oportunidades perdidas. E já nesta época, foi eliminado em Málaga por 1-0, resultado que seria insuficiente para a equipa espanhola, se o Porto tivesse concretizado em casa metade dos lances perigosíssimos que criou. Falta de sorte? Não. Falta de eficácia. Estranhamente - ou não - nessas ocasiões houve regozijo benfiquista.
O que me conduz a outro ponto. Nas competições europeias, cada equipa está em representação própria. Aliás, se assim não fosse, não existiriam, na mesma competição, várias equipas do mesmo país, que podem, inclusivamente, defrontar-se. Mas admitamos até que assim não era e que uma equipa portuguesa estaria a representar o país. Nesse caso, então, ela deveria ser apoiada ao longo de toda a competição. Ou só merece apoio na final?! Mais, se as taças europeias são conquistas nacionais, a que propósito surgem elas invocadas nas clássicas discussões o-meu-clube-é-melhor-que-o-teu?! Haja coerência!...
Por fim, a questão da derrota no último minuto. É verdade que existe a irónica - poética, diria eu - coincidência de dois golos fatais aos 92 minutos. Mas, se no jogo do Dragão, o empate era um resultado possível (e favorável ao Benfica, que parecia apostado nele), o mesmo não sucede numa final. Portanto, se ao apito do árbitro, o jogo continuasse 1-1, haveria mais meia-hora de futebol, pelo que os 92 minutos seriam, virtualmente, não o fim do jogo, mas 3/4 dele. Ora, julgo não ser enviesamento meu notar uma quebra física da equipa encarnada por volta dos 60 minutos. Tendo Jorge Jesus feito já as 3 substituições, de que Benitez ainda dispunha, acho que o prolongamento seria mais vantajoso para os azuis. 

domingo, maio 12, 2013

Algumas considerações na sequência do jogo de ontem

1) Até aqui, tenho citado o ditado popular português segundo o qual "até ao lavar dos cestos é vindima". Agora, mais que nunca o repito. Estou, obviamente, muito satisfeita. Mas ainda não lanço os foguetes. "Ainda", espero! Confiante na capacidade da minha equipa e na sua mentalidade ganhadora, mas sem euforias.
2) Quanto à natureza dos golos, há alguma sorte no primeiro do Porto, reconheço. Mas o do Benfica resulta de uma série de ressaltos sortudos. O segundo golo é marcado aos 91 minutos. Convém esclarecer que o tempo extra (não o programa do Rui Santos) faz parte do jogo. E, neste caso, até foi de uma justiça poética, depois do Benfica, qual equipa pequena, ter andado a queimar tempo a partir dos 13 minutos. Vejam-se as sucessivas demoras de Artur nos pontapés de baliza, a saída de Lima ou a bola que não servia para o Sálvio fazer o lançamento.
3) Ontem reforcei a ideia de que os benfiquistas são muito ingratos com Proença. Referir-me-ão o fora-de-jogo de James, inconsequente por causa do poste, ou o de Maicon, do ano passado. Devo lembrar que foras-de-jogo são competência do fiscal de linha. O que competia ao Proença, no jogo da Luz, era ter assinalado o penalty que Cardozo fez, ao tocar duas vezes e deliberadamente na bola dentro da sua grande área. Também lhe competia ter expulsado Javi Garcia, que pontapeou Lucho na cabeça, quando este já estava caído no chão; se aquilo não foi uma agressão, não sei o que possa ser. Já nem vou falar de Maxi Pereira, porque esse é inimputável em jogos nacionais (por isso, depois, quando joga em competições europeias, estranha ver um amarelo). Do jogo de ontem dirão que Proença fez uma grande arbitragem, dada a ausência de "casos". Para mim, é um caso que qualquer recuperação de bola por parte do FCP fosse considerada falta, não sendo aplicado o mesmo critério nos "cortes" benfiquistas.